quarta-feira, 24 de julho de 2013

E o xixi no chão....

Bem, aqui ainda não começamos a pensar em desfralde. Não tenho a mínima ideia de como se faz isso mas acho que no momento certo a gente vai se encontrar. Quando está calor eu deixo a Sarah pelada bem uns 20 minutos antes de tomar banho, sem fralda, sem nada. Ela tem um peniquinho no quarto dela e um assento redutor perto do vaso sanitário. O penico ela sempre senta e fala "xixi, xixi" mas não fica mais que 5 segundos sentada. O importante é que ela sabe o que se faz no penico e no vaso, já que é minha companheira de banheiro kkkk.

Aí que hoje eu tinha acabado de encher a bacia que ela toma banho e deixei ela sem roupa rapidamente. Ela parou em cima de um tapetinho e fez uma carinha de concentrada. Pensei: "vai vir xixi!" não deu outra! Saiu um pouquinho e ela olhou e eu perguntei se ela não queria sentar no vaso e coloquei o assento dela e ela aceitou. Ficou lá um tempo conversando comigo, fazendo "xxxxxxxxxxxxxx" e de repente, o barulhinho! Fez xixi no vaso pela primeira vez! A gente comemorou, ela ficou super feliz, me abraçou e falou tchau pro xixi! Quis até limpar com o papel!
Coisas de mãe! Ficar emocionada com o primeiro xixi da filha no vaso kkkkkk....

terça-feira, 23 de julho de 2013

E o desmame está chegando.

Bem, quem me conhece sabe pelo menos 1% da minha história com a amamentação. Aqui no blog eu contei, bem, uns 40%. Tive muitas dificuldades, mas superei e a amamentação me ajudou de muitas formas a me reconhecer nesse mundão véio sem porteiras. Parece exagero? Bom, não é. É bem bem bem real, as vezes até meio doloroso.
Pois então. Se há um ano e 9 meses atrás alguém me dissesse que nesse momento estaríamos nos aproximando do desmame  eu não acreditaria, pq tanta mamação as vezes parecia que não tinha fim. Mas talvez também aproveitaria com menos culpa, menos medo, mais entrega.

Há uns 4 meses atrás a Sarah começou a ensaiar mamar menos. Ela ia e voltava desse processo. Conforme isso foi acontecendo eu comecei a conversar com ela e distraí-la com outras coisas quando precisava que ela não mamasse em certos momentos. Comecei levando fruta ou algum alimento fácil nos metrôs e ônibus ou caminhadas de sling. Nunca liguei muito para os olhares, e quase nunca me olharam com reprovação, mas sentia que naqueles lugares já não sentia prazer em amamentar. Foi bem fácil e aos poucos ela nem lembrava mais do mamá, mas com isso veio uma vontade enorme de sair do colo, explorar  os vagões, querer fugir do sling. Bem, dei uma bela diminuida nas minhas saídas com ela de condução, porque eu não dava conta, também porque estávamos numa fase onde ela queria tudo, mas não entendia muito das minhas explicações e pedidos.
Aí passávamos dias com ela mamando 5 vezes por dia, 6, as vezes 4. Isso era muuuito pouco perto do que ela mamava! Ela nunca foi de dar aquela mamada de 2 segundos, raras épocas fez isso e era algo que também me incomodava. Então as mamadas dela eram loooongas, entrávamos na mamolândia e dependendo do meu nível de cansaço eu conseguia até tirar um cochilo! Quando ela voltava a mamar toda santa hora comecei a perceber que muitas vezes era tédio, era mudança de rotina, falta de atividade, e eu ainda não estava habituada a tanta energia para brincar. Era muita energia, muito mais do que há uns meses atrás. Quando senti isso comecei a entrar na nova onda. Meu Deus, acabava o dia e eu estava moída, podre, acabada de cansaço! Tinha umas recaídas e me deixava vencer pelo cansaço, aí voltava a mamação.

Mas um belo dia ela me chamou na xinxa. Vamos lá mãe, chega desse lenga lenga, vem participar de vez da minha descoberta do mundo, seu peito é legal mas tem mais coisa legal por aqui! E então se estabeleceram as mamadas com "horários". Quando ela acorda, quando volta da escola para tirar a soneca (dorme mamando) e para dormir a noite. As vezes uma no meio da tarde, ou se acorda no meio da soneca a grande maioria das vezes só volta a dormir quando mama. Quando percebi que tinha estabelecido esse "padrão" primeiro entrei em choque. O comportamento dela mudou muito ao longo desse caminho. O peito já não era mais seu consolo se ela caia, se machucava, se assustava, quando dava xiliques e ataques não pedia mais peito pra se acalmar e nem queria se eu ousasse oferecer, e nossa relação ficou muito mais na base da conversa, beijos, abraços, carinho, interação, brincadeira. Ela quase não liga mais quando eu preciso deixá-la com minha mãe ou com alguém para sair, me dá tchau toda feliz e aos poucos descobre a vida além dos peitos ou da própria mãe. Admito, dar mamá é muito mais fácil que lidar com negociações, explicações, enfim. Dá um certo ciúme de vê-la tão a parte do meu corpo, mas na real, é lindo vê-la crescer com segurança, sabendo que eu estou aqui sempre pra ela, isso é nítido, é mágico. Olhar pra trás e ver que todo meu esforço valeu a pena pelo menos até aqui! Eu não mudaria nada do nosso início conturbado, nada.

E aí que hoje venho aqui para refletir sobre essa etapa já sentindo que a próxima está se aprochegando: a próxima mamada que está dando tchau é a de antes de dormir a noite. Antes nós dormiamos todos em colchão no chão, ela mamava eternamente até adormecer mamando. Depois colocava ela no colchãozinho do nosso lado. Muito mais prático. Mas começou a entrar o frio e já não estava dando conta, aí montei nossa box de novo e montei a mini cama da Sarah do nosso lado. A essa altura ela já mamava, soltava e achava algum outro conforto para adormecer: ou cantando comigo, ou mexendo no meu cabelo, ou rolando de um lado pro outro. No dia que montei as camas expliquei, meio descrente de que fosse dar resultado, que ela ia mamar na minha cama e depois a colocaria na cama dela. Enfim, deu certo! Ela fica um pouco no meu colo, depois vai pra cama e dorme. O processo ficou mais demorado, mas é tudo questão de amor e paciência.

Aí esses dias pediu para dormir com o livro "Poesias na Varanda" debaixo da cabeça, e adormeceu muito rápido. Desde então ela pede para dormir com algum mimo seu. E hoje, pela segunda vez no mês, ela foi para a caminha sem mamar. Simplesmente foi, e dormiu. Ela não pediu, eu não ofereci.

Meu piercing de mamilos está criando asas e voando no seu céu azul lindo com arco iris. Voa minha filha, que eu estarei sempre aqui com peito, colo e tudo o que você teve de mim até agora.
Imagino (e espero) que tudo isso de desmame seja gradual e ainda um processo bem lento. Mas da forma que está sinto que poderia amamentá-la por muito mais tempo que eu poderia imaginar.

Reativando - O diário da família

Me peguei esses dias pensando nas novidades diárias que temos tido aqui em casa com o crescer da nossa pequena grande menina, Sarah. E que eu só registro via mural de Facebook. E que vão se perdendo no meio de um monte de outras atualizações.
Eu gosto muito de registrar coisas marcantes dos momentos que vivo, hoje por exemplo, estava reunindo fotos para começar a Ayurveda com minha querida Ju, e me peguei lembrando desse blog que está tão abandonado e é tão rico de coisas boas que passamos. E nada mais justo que começar esses registros até a Sarah poder decidir se quer continuar a fazê-los dessa forma!

Pois bem, estou reativando o blog, e espero atualizá-lo sempre, nem que seja para dar um olá e escrever duas linhas.


sexta-feira, 10 de maio de 2013

No meu terceiro dia das mães.

Bem, essa data é meio superficial para mim diante de todos os desafios diários de ser mãe. Mas ela me dá a oportunidade de me olhar um pouco mais, olhar desde o momento que decidimos engravidar e refletir.

Fico me lembrando da minha gravidez que foi super querida, e racho o bico de mim e do meu marido. Fazendo planejamento de como seria o quartinho da Sarah, do chá de bebê, do carrinho, imaginando a cena do café da manhã (essa era ótima): Eu em uma cadeira, Ângelo do meu lado, e a Sarah no carrinho brincando tranquilamente com seu móbile. Quando eu acabasse meu pão, daria de mamar e então ela viria sorridente para meus braços e minha almofada rosa de amamentação, limpa e cheirando nova.
Na verdade eu nem lembro o que eu esperava. Eu lembro que era mágico. Que eu parava tudo para ficar olhando ela mexer na minha barriga. Eu respirava maternidade, eu fazia outras coisas, mas minha vida abriu os olhos e focou na maternidade e era lindo.
Aí eu acordei no meio da madrugada com a bolsa rompida. 37 semanas e 6 dias. A partir daquele momento o mundo virou do avesso e depois de um trabalho de parto e um parto que eu nunca esquecerei, que me ajudou - E AINDA AJUDA-  e muito na passagem de filha para mãe, a vida que eu sempre quis ter estava lá na minha frente: junto com olheiras, sono, choros incontroláveis meus e da Sarah, dor no peito para amamentar, crises existenciais, e eu sentia que eu não daria conta de tanto amor.
As pessoas a minha volta que nos visitavam achavam lindo o chorinho dela, para mim aquilo era - AINDA É - um punhal cortando meu coração. Queriam pegar no colo, dizer que era cólica, que era fome. Mas esqueceram - ESSA É A PRIMEIRA DICA PARA UMA VISITA COMPLETA E FELIZ NA CASA DE UMA PUÉRPERA -  de me pegar no colo, perguntar o que doía, se eu tinha fome. Poderiam também lavar uma louça, ou segurar a Sarah sem julgar seu choro, para eu poder tomar um banho em paz sem me sentir a pior das mães por todos saberem o que o choro dela queria dizer, menos eu. Ou poderiam esperar em suas casas, acompanhando fotos pelo Facebook. Essa é uma boa opção, mas só depois que elas iam embora é que eu tinha essa ideia kkk.
Ah, pais de primeira viagem... Eu não sou o tipo de mãe que se sentiu mãe assim que pegou a cria nos braços não! Nosso vínculo fora do útero foi se dando aos poucos, ainda se dá aos poucos.
E aí você ouve uma abençoada dizer: "aproveita, viu? passa rápido! " Oooopa! Dá pra adiantar até a parte onde eu durmo pelo menos 4 horas seguidas?
Mas passa rápido mesmo. Depois que passou, né?! Viva a memória seletiva!
O amor de mãe é esse amor animal, para quem se deixa viver instintivamente e intensamente esse sentimento. Parece meio bizarro para você que nem sonha em ter filhos? Ou para você que está gestando? Para mim também parecia também, parecia um tanto cruel ouvir uma mãe dizer que já teve vontade de jogar o filho na parede, ou que queria tomar um porre louco, ou que queria sair pra comprar cigarro e nunca mais voltar. É um amor sem igual. Sim, é um amor que toca na essência, que tira do prumo, que tira dos padrões sociais  e de boas maneiras e que não vem escrito na cartilha que explica o que é o amor.
É a vontade repentina de ter 20 filhos, junto com a vontade de não ter nenhum, a vontade de inventar mil brincadeiras junto com a vontade de se jogar no sofá pra assistir seriados, a vontade de amamentar pra sempre junto com a vontade de gritar de agonia com aquele bebê pendurado há horas. É a felicidade de olhar ele dormindo com a felicidade de ter um tempinho para você.
E aí eles começam a crescer, e tudo aquilo que você repara meio que de longe, pensando se é ou não é se revela: a personalidade, os gostos próprios, a vontade de caminhar. Tudo isso combinado com a sua sombra. Você vê suas atitudes refletidas nele como num mini espelho, vê tudo o que você gostaria de guardar debaixo do tapete pra sempre. Isso acontece desde que eles nascem, mas tem um momento que elas ficam mais evidentes, mais claras.
Ter um filho é uma lição diária de auto conhecimento. Quer saber como você está hoje? Olha profundamente para seu filho.
Ter respeito por si mesma também é fundamental, mas é muito dificil desplugar o cordão umbilical depois  de uma imersão como essa. Mas aprendo a cada dia que não adianta quantidade se não tem qualidade. Eu preciso de planos familiares e pessoais para remar para frente e ter vontade para tal. Precisamos de um tempo para nós, e esse tempo, como faz? onde arranja? Cada mãe tem que dar seu jeito, mas TEM QUE DAR! Me dá um gás enorme de voltar pra casa depois de um parto que atendi, ou de um atendimento com uma gestante, ou de um cabeleireiro, ou de qualquer coisinha que me faça olhar pra mim. Volto mais realizada, mais feliz e inteira para minha família. Porque não dá para ficar pela metade, não dáaa! Nem que a gente queira, é um estresse desnecessário. Se entregar nos momentos (curtos ou longos) com os filhos é fundamental, e aos poucos sinto também que estou chegando nesse equilíbrio.

A culpa também é algo que anda com a gente como a nossa sombra. Por padrões sociais, por expectativas frustradas. Seja como for ela está lá. Aceitar que somos humanas apesar de mães é muito difícil, cara!

Mas poxa... como é gostoso viver a vida. Eu não consigo me lembrar mito bem de como era minha vida há um ano e meio atrás, mas lembro que no geral ela era bem mal aproveitada. A Sarah chegou para mudar TUDO. TUDO. Amigos de balada, família, marido que os diga!

Se eu quero ter mais filhos? SIM! (mas no próximo xilique mega da Sarah vou negar essa afirmação, tá?!)

Agora eu entendo a frase do 'é igual coração de mãe, sempre cabe mais um'.

Acho que dilatei o coração junto com o colo do útero!

FELIZ TODO DIA DAS MÃES!

segunda-feira, 11 de março de 2013

CNV - COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA

Agradeço imensamente por ter pessoas com conteúdo próximas a mim. rsrsrs

Agradeço ao senhor Google a chance de ampliar pesquisas.

Agradeço a minha filha por perceber tudo o que nos rodeia.

Comecei uma pesquisa sobre a COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA.

Antes de qualquer reflexão, já que estou no início dessa pesquisa, gostaria de dividir com vocês um pouco sobre isso.


Esse vídeo está dividido em 3 partes, e está legendado. Ele se chama Marshall Rosenberg,

Enjoy!

sábado, 2 de março de 2013

De lagarta a borboleta num piscar de olhos.

Sarah está com 16 meses. DEZESSEIS.

O que acontece com esse tempo, que vivendo parece que demora uma eternidade e olhando para trás parece ter voado?
Essa semana vi alguns bebês mais novos que ela. Então agora a noite resolvi ver algumas fotos e vídeos de quando ela tinha 3 meses, 8 meses... Minha filha é muito intensa. Dá um trabalhão ser mãe de um bebê tão especial quanto ela, é uma grande responsabilidade que me foi confiada, e apesar de esgotada que estou hoje, vou a cada meia hora em seu quarto olh´-la dormir e admirar essa criatura.
A cada dia mais ela vem demonstrando para que veio a esse mundo. E não parece que veio só para diversão não! É alguém que me faz repensar na vida e em como aproveitá-la todos os dias. Ela marca território por onde passa. Ela está em uma passagem de ser bebê para ser uma criança, tem gostos, costumes, vontades que não são as mesmas que as minhas. Ela me surpreende.
Há 3 dias ela resolveu que não dorme mais a noite no nosso quarto, e isso eu descobri por um acaso, de um jeito meio torto, que é assim que a gente aprende a se ressintonizar.
Ela simplesmente estava morrendo de sono e mamando no nosso quarto, como sempre fazemos, quando deu um repente de querer sair do quarto. bateu, gritou, esmurrou a porta. Eu abri e em poucos minutos ela tinha me conduzido até seu quarto e pedido para deitar no seu colchão, que ela dorme as sonecas a tarde. A primeira noite, apesar dela dormir  a noite toda, ela acordou de manhã no chão, acho que não estava acostumada com o espaço que podia utilizar. Na segunda noite ela chegou de um passeio exausta e não acordou nem quando eu troquei sua roupa, não mamou e acordou de madrugada, achei justo amamentar já que ela possivelmente estava com fome. E hoje passou o dia brincando com um bebê mais novo que, ora queria ser sua mamãe e cuidar dele, ora queria ser mais bebê que ele. Dormiu rapidamente há 1 hora e meia atrás. Foi aí que comecei a reviver esses 16 meses, e que lindo ver seu crescimento, sua interação com o mundo. A cada semana palavras compõem cada vez mais seu repertorio na lingua portuguesa. Porque na lingua dos anjos ela fala fluentemente!
Esses dias fiz uma listinha das palavras que ela já fala:


Patati - fala "Patí)
mamãe
papai
mamão (mamão é qualquer fruta)
tia
vóvó
auau (cachorro)
béeee (ovelha)
mmmm (vaca)
xixi
caca
cocô
tchau (tau)
Tomate - falta "ti"
água
chá
mamá (é lindo vê-la pedir para mamar falando, ela escolher mamá e não fala "tetê")
aiai (quando quer chamar atenção ou algo está a incomodando)
alô - fala "ôôôô.." e fala a lingua dela para pedir pizza, com o telefone devidamente em sua orelha)
bicho - fala Bixxxxxx

Além de dezenas de músicas. Principalmente as que tem vogais compridas ou repetitivas. Ela escuta comigo alguns puts puts e sabe o ritmo de todas, todos os finais das frases. Músicas infantis ela quase que completa tudo, além de dançar lindamente cada um dos passos.

Sim, eu sou coruja. Com um bebê tão intenso assim, não acho justo perder nenhum flash!

Acredito já estarmos vivendo o início do que chamam de terrible twos. Sim, é terrível ver que sua filha dá pitis e shows de se jogar no chão e gritar para o mundo todo ver, pelo simples motivo de que está em processo de criar asas, de ser ela, de ser Sarah. Mas é apaixonante, e sou muito grata a ela ter me confiado esse provilégio de ser sua mãe.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Ser mãe... Ser doula!

2013 começou bem turbulento, mas com muitas realizações. Sabe aquela lista que você faz de metas no fim do ano para realizar no próximo? Pela primeira vez estou vendo eficácia em fazer uma lista dessa.
E ontem foi a vez do "OK" em cima do CURSO DE DOULA. 
Felicidade. Acabamos ontem. Na verdade eu já sabia que era doula. Vinha trabalhando isso em mim e com gestantes conhecidas há alguns meses, mas eu realmente precisava desse curso, não só para concretizar e aprender como profissional, mas para aprender coisas sobre mim. E é dessa segunda parte que quero vir falar aqui.

Nooossa! COMO eu aprendi, e como eu vivi! Tudo começa por aquele choque. "Caramba, eu gosto mesmo, eu vivo mesmo tudo isso. Mas e a minha faculdade, e meu trabalho fixo, e minha vida de assalariada que acorda de segunda a sexta cedo e volta tarde para a casa?" Pois é. A primeira coisa a aceitar foi que eu não sou mais assim. já fui, antes de ser mãe, aliás, mentira, eu queria querer ser assim, porque assim é mais normal e seguro. Tipo a cesárea (bah). E se eu ficar forçando minha cabeça e minha alma por vontades antigas ou de outras pessoas, ambas vão pular pra fora e me deixar. Lição: Se deixe ser feliz no seu modelo, do seu jeito, vai dar certo. Você é atriz ALÉM DE TUDO, menina. De qualquer forma ia ter que optar por isso um dia. Essa lição terá que ser feita dia após dia, tijolo por tijolo, aprender a fechar os ouvidos para premonições de derrotas futuras. Fechar os ouvidos para mim e para os outros! Lição dificil, mas possível.

Aprendi que eu preciso me impor um pouco mais, não deixar minhas vontades ruírem por causas externas. Deixar os outros satisfeitos e você violentada e sem identidade não parece escolha para ninguém, mas sim, eu faço. Essa questão surgiu no momento em que quase desisti de fazer o curso para não incomodar as pessoas que precisariam se mobilizar para me ajudar a cuidar da Sarah enquanto estivesse fora. E chegou num ponto no meio do curso de me lembrar do contraste do meu parto com meu pós parto. Revi minhas atitudes gerais, e muita coisa começou a fazer sentido para mim, um choque da realidade que não me perturbou de maneira negativa, mas me chacoalhou e me deixou feliz por isso. É assunto para um outro post. Mas sim, eu sofri muita hostilização, muita violência moral, verbal e física no pós parto. Um tremendo contraste com minha gestação e parto, e eu não consegui fazer nada, não consegui protestar e nem dizer não, por medo de não agradar, por medo de fazerem algo de mal enquanto eu dormia, por medo que toda mãe tem. E essas situações que a mulher passa deixam marcas para o resto da vida. Ainda bem que eu as enxergo e espero que muitas possam encarar de frente as violências obstétricas que sofreram, e pararem de achar que isso tudo faz parte. A resposta de muitas coisas que vivemos ronda esse momento da nossa vida, não ignore-o.

E ser doula. Se doar, dar o espaço e o apoio para que a mulher possa protagonizar esse seu momento...Tão difícil de explicar, tanta energia para trocar. Nos formamos no dia em que a profissão foi oficialmente registrada no CBO! No dia em que recebemos o comunicado de possível volta da entrada de doulas na maternidade Santa Joana. Estamos conseguindo, mulheres! É muito bom fazer parte de tudo isso, de conhecer tanta gente que pensa junto, de poder discutir, cansar, retomar a energia e continuar. Esse é um grande momento da minha vida. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Um breve relato de revolta


E pela milésima vez sofri hoje uma violência verbal, moral, preconceituosa e ignorante. Já recebi olhares tortos de gentinha, de conhecidos, de “amigos”. Hoje pela segunda vez fui abordada por um MÉDICO, da mesma forma em que nessa mesma semana fui questionada por um recém PAI. O tema é AMAMENTAÇÃO.
Acordei hoje com uma pressão na cabeça, que parecia que os olhos iam pular, o ouvido explodir, o pescoço desrosquear. Corremos para o Pronto Socorro. Como eu já tive meningite morri de medo. Estávamos meu marido, a Sarah e eu. A enfermeira que me atendeu na triagem me viu com a Sarah e me deu prioridade no atendimento.  
Passei com uma neurologista. Seu nome é Andréa Algumacoisa Lebre, do Hospital São Camilo em Santana. Colheu os dados de como me sentia e disse que eu ia tomar dois medicamentos na veia, e fazer uma tomografia. É aqui que a história começa.
Perguntei a ela se os medicamentos que eu ia tomar e o exame não tinha problema de ser realizado durante o período de amamentação.
Ela respondeu: “ Por que teria? Não está mais na barriga!”
Eu: “Mas tem uma série de coisas que não se pode fazer mesmo amamentando!”
Ela: “ Você ainda amamenta? Quanto tempo seu bebê tem?”
Eu: “ 1 ano e 1 mês.”
Ela: (pausa dramática) “E você amamenta? CREDO.
Eu: “Credo? Credo, por quê?”
Ela:” Não precisa mais! Cada um cada um, mas eu acho muito feio. Meu primeiro filho mamou só quinze dias e puff meu leite depois disso acabou e ele tomou Nan e o outro seis meses”
Eu: “É, cada um cada um.”
Ela: “Mas você ainda tem leite ou ela fica lá só por ficar?”
Eu: “Eu ainda tenho muito leite, ela mama, eu sinto o leite descer. E eu ouvi falar por aí que a OMS recomenda o aleitamento materno até os 2 anos ou mais”
Ela: “Ah, mas isso vale para os países com subnutrição, onde não se tem alimentos para todos.”

E aí lembrei da página que eu administro no facebook, onde eu respondo várias perguntas impertinentes e invasivas no mundo das mães com bom humor e/ou sarcasmo. E me vi na hora sem conseguir responder nada inteligente, nada pertinente, porque a única coisa que vinha na minha mente como resposta era: “Vai tomar no cú”. E um tapa na cara. Mas não consigo me rebaixar ao nível que ela e tantas outras pessoas – e o pior – tantos outros médicos chegam. Você vai me responder: “Ah, mas ela não é pediatra.” Sinto em lhe informar que a grande maioria dos próprios pediatras são assim também. Eu juro que não consigo ficar com raiva dela, pois o que define bem é a palavra dó. Dó dos profissionais da saúde que foram engolidos por um sistema frio e consumista, e dó da gente que muitas vezes entrega nossas vidas e a vida de nossos filhos nas mãos desses carniças. Dó de quem deixou de acreditar no coração e no próprio corpo para dar a palavra final a um médico, de quem  acha que médico é a encarnação de Deus, e que os milagres foram substituídos por máquinas e bisturis de última tecnologia.
Estou longe de ser uma xiita ou natureba de mão cheia, mas o que eu faço e luto é pelo amor que está perto de acabar no mundo. E sinceramente, mesmo lutando com fé, ela se esvai cada vez que piso em um hospital, cada vez que eu ouço um relato de um parto ou cesárea, cada vez que alguém deixa de ouvir alguém que quer ajudar para ouvir alguém que quer apenas ganhar o seu $alário.
Que me desculpem os médicos (inclusive os meus que me acompanham) que não fazem parte disso tudo, mas a sua classe me envergonha tanto quanto os políticos corruptos desse país.
E às pessoas que assistem a isso tudo, passivas, está na hora de se mexer, se questionar e usar o Google devidamente.

Em breve, assim que me recuperar, virei aqui para escrever sobre todas as violências que lembrar que já sofri por médicos, e eu duvido que ninguém tenha passado por pelo menos metade delas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Blogagem coletiva

Esse filme arrepia da cabeça aos pés. Esse filme precisa ser visto por todos. Você acha que é normal? Repense.


terça-feira, 20 de novembro de 2012

RELATO DE DESMAME NOTURNO

Bom, antes de iniciar esse relato eu quero dizer que não estou incentivando ninguém a desmamar, seja a noite, e muito menos por completo. Mas que meu relato sirva para quem está realmente certo de que é o melhor para o bebê.

Quem me conhece sabe que eu sou a dona sonequinha, e a Sarah veio para tirar esse horrível hábito de mim. Ela é uma menina extremamente ativa, e apesar de dormir entre 10 e 12 horas por noite ela sempre acordou muito. Conto nos dedos quantas vezes ela dormiu 6 horas seguidas em 12 meses. Do 2º ao 4º mês ela passou a dormir o primeiro sono até que bem, comparando a média de outros bebês. Dormia entre 3 a 4 horas seguidas, mas depois ia acordando de 2 em 2, de 1 em 1, a cada 40 minutos... Sempre que eu posso eu durmo o tanto que ela dorme, ou pelo menos fico na cama relaxando, pois dormir picado não é facil para ninguém! No momento em que você entra no sono pesado começa a maratona. Enfim, entre o 2º e o 4º mês eu estava no céu, ela acordava 1, 2 vezes, nos piores dias 3, mas a partir do 2º mês passou a mamar e dormir em 5 minutos, estava no céu e não sabia! Ela dormia no berço, primeiro em um mini berço ao lado da cama e depois como não cabia o berço normal em nosso antigo quarto ela foi para o quarto dela, colado ao nosso. A partir do 4º mês o caos foi instalado. Ela começou numa agitação, desregulou tudo, eu chorava de sono, de raiva, tentava fazer ela dormir ninando sem ser no peito se ela acordava em menos de 2h mas o sono era tanto que eu não vencia. Com esse caos todo veio também o frio, decidimos fazer cama compartilhada, unindo o útil ao agradável. Passamos a dormir melhor, se ela acordava eu só subia a blusa e plugava ela no peito, dormia a noite toda, era o que tinha para aquele momento, além do que era uma delícia acordar com ela "cantando". Quando a noite era muito difícil, isso desde que ela nasceu, eu adorava dormir as sonecas da tarde com ela, mas confesso que nunca gostei de dormir a noite toda com ela na cama, ela é muito espaçosa e eu gosto de dormir esparramada. Continuamos nesse esquema, mas comecei a ficar incomodada com o fato dela acordar e plugar no peito a cada mexidinha, não só pelo fato de eu começar a dormir mal, mas por achar que para ela não estava bom. Nessa altura ela tinha uns 8 meses e encontrei no grupo do orkut/face, Soluções para noite sem choro, um esquema de desmame noturno do Dr. Jay Gordon, que dizia ser o mais respeitoso possível, sem deixar o bebê chorar sozinho e desconsolado. Li e achei muito coerente, mas tinha um porém, ele dizia que era para ser usado com bebês a partir de um ano de idade. Engoli seco e resolvi esperar. Nesse meio tempo mudamos de um apartamento para casa, e o quarto é maior, dando a possibilidade de colocarmos um colchão para ela do nosso lado. Resolvemos também tirar o box da cama e fazer um quarto Montessori, com ambos colchões no chão. Mas mesmo assim as acordadas dela estavam totalmente imprevisíveis, e toda vez que acordava só dormia de novo se fosse mamando, não importava se fazia apenas 10 minutos que tinha mamado. E estava raro um episódio em que ela dormisse mais de 2 horas seguidas, estava no meu limite, mas me sentia culpada por sequer cogitar a hipótese de fazer o desmame noturno. Após muito desabafar comigo mesma, com amigas, com o marido, decidi tentar.A primeira tentativa foi antes dela completar um ano, com uns 10 meses. Fizemos adaptações no esquema, meu marido que a atenderia durante as primeiras acordadas. Ela acordou após 40 minutos da primeira dormida e lá foi ele. apenas deitou do lado dela, abraçou, disse que era ele que estava lá e que estava tudo bem. Claro, ela chorou, ficou bravíssima, mas se acalmou em 20 minutos, fiquei feliz, mesmo com o coração partido, estava me preparando para 1 hora de protesto. Ela dormiu 3 horas seguidas e na próxima acordada não tivemos coragem, e resolvemos ir aos poucos até atingir 7 horas sem mamar. Fui lá e amamentei e ela dormiu mais 3 horas seguidas. Na outra noite soubemos que meu marido faria uma viagem longa a trabalho e não poderia continuar, então eu tentei atendê-la sem amamentar, mas ela acabou acordando e foi super difícil para mim, não deu certo. Resolvemos esquecer por um tempo e retomar depois que ela fizesse um ano. Assim que completou um ano e meu marido já tinha voltado, resolvemos pensar nisso de novo, e foi o momento mais correto para mim, eu estava certa de que isso seria melhor para todos, e que ela também merecia uma noite sem interrupções de mamãe. Pesei todas as possibilidades mesmo, e conclui que não tinha mais sentido para mim amamentar a noite, e eu amo amamentar, não queria que perdesse o brilho.

Pois bem, o esquema era esse: eu faria ela dormir normalmente, mas eu iria dormir no quarto dela num colchão de solteiro que deixamos lá para suas sonecas. Meu marido ia ficar com ela e passaria as primeiras 7 horas de sono lá. depois eu voltaria, amamentaria e continuaria amamentando todas as vezes em que acordasse a partir daquela hora. Naquele dia conversei com ela, expliquei do meu jeito e estava tranquila.

Na primeira noite ela acordou após 40 minutos da primeira dormida, dormiu 25 minutos depois, dormiu mais 2 horas, dormiu 4 minutos depois, e só acordou na hora de ser amamentada. Mamou, dormiu e acordou na hora de levantar. Fiquei super feliz, ela acordou super disposta, alegre.

Resolvemos continuar tendo em mente que dias bons e ruins podiam nos esperar... Ela passou cerca de 5 dias acordando 2 vezes antes das 7 horas sem ser amamentada, mas começou a dormir muito mais rápido. depois começou a acordar 1 vez só, mas raramente passava mais de 2 minutos antes de voltar a dormir. E aí ela começou a dormir direto, entre 6h30 e 9h seguidas sem nenhuma acordada! Claro, alguns dias no meio com uma agitação a mais, algumas acordadas que iam cortando a noite toda, mas isso também se deve aos dentes, e outros fatores. Então meu marido foi viajar novamente e tive que voltar para o quarto. Em uma noite ela acordou, veio para meu lado, tentou pedir mamá, mas dormiu no meio do caminho rsrsrs. Conseguimos! Com raras exceções temos noites ininterruptas e só pude confirmar o que meus instintos diziam. Ela gosta de dormir agora, dorme melhor até a soneca da tarde. Fizemos muitas modificações do plano do Dr. Gordon, na verdade é um plano mais nosso mesmo, e acho que é exatamente isso. Encontrar meios que nos faz sentir seguros, pois é dessa segurança que nossos filhos precisam. Com bebês é preciso sempre se reinventar, eles estão em constante aprendizado, e precisamos encontrar soluções para que todos ganhem qualidade de vida, e com muito respeito! Acho muito legal famílias que continuam a amamentação noturna por mais de um ano, mas essa não foi minha realidade e para eu um dia conseguir pensar em ter outro filho eu preciso lembrar com alegria dessa fase. O mais interessante é que desde a primeira noite sem amamentar por 7 horas meus peitos não encheram, ou seja, ela já não mamava há muito tempo, vinha só dar um "cheirinho". Uma coisa que acontece de vez em quando e que ainda está em fase de ajuste (mas não me incomoda tanto assim) é que quando ela acorda para mamar as vezes desperta totalmente e aí fica enrolando e brincando 1 horas, 1 hora e meia antes de voltar a dormir, mas como eu acordo descansada eu não ligo muito, e adoro ver a carinha dela de feliz em me ver.

E a amamentação? Continua com força total, mas durante o dia :)